
História 1
Mais informações: História do Brasil, Descobrimento do Brasil, Exploração do pau-brasil, Capitanias do Brasil e Ciclo do AçúcarO descobrimento da América (1492) e o Tratado de Tordesilhas (1494) consolidaram o domínio espanhol no Atlântico Norte e restava a Portugal explorar o Atlântico Sul (além da costa africana) e encontrar o caminho para as Índias pelo sul do Bojador. A viagem de Cabral às Índias de 1500 — depois do retorno de Vasco da Gama — tinha a missão de consolidar o domínio português naquela região e os contatos comerciais iniciados por Vasco da Gama em Calecute. Como escreve C. R. Boxer:
É irrelevante saber se o Brasil foi descoberto acidental ou propositadamente, (…) mas a Terra de Vera Cruz, como foi batizada pelos descobridores, não demorou a se chamar Brasil devido à lucrativa madeira vermelha utilizada para tingir, assim chamada, que foi encontrada em quantidade razoável ao longo do litoral. O empenho no comércio com a Índia, no ouro da Guiné (Mina) e nas guerras com o Marrocos durante muitos anos impediu a Coroa portuguesa de dedicar atenção à região recentemente descoberta, que não parecia possuir nada melhor além da madeira para tingir, papagaios, macacos e selvagens nus, dos mais primitivos.[2]Em oposição a este pressuposto há historiadores que defendem a hipótese de que os conhecimentos de Martin Behaim teriam sido decisivos para salvaguardar a "Terra Firma" (os territórios do Brasil) das ambições espanholas, delineando uma estratégia astuciosa de despiste a fim de os dissuadir de tal pretensão: abrindo-lhes as portas à exploração na América do Sul de espaços de menor interesse do Estado. Estavam cientes de que os territórios do Brasil eram bem mais frutuosos. O negócio da tal madeira vermelha não era, nem de perto nem de longe, o que maior interesse tinha.[4][5][6][7]De 1500 a 1530, o contato dos portugueses com o Brasil pareceu limitar-se a expedições rápidas para coleta e transporte de pau-brasil e também de patrulha. Já devia ter ocorrido, no entanto, algumas tentativas de colonização, pois em 15 de julho de 1526 o rei Dom Manuel I autorizou Pero Capico, "capitão de uma capitania do Brasil", a regressar a Portugal porque "lhe era acabado o tempo de sua capitania". A Capico, que era técnico de administração colonial, tinha sido confiada a Feitoria de Itamaracá, no atual estado de Pernambuco.[8][9]
Em 1531, devido à ameaça francesa, o rei Dom João III designou o fidalgo Martim Afonso de Sousa para comandar uma expedição ao Brasil. No ano seguinte, é fundada a vila de São Vicente. Também em 1532, Bertrand d'Ornesan, o barão de Saint Blanchard, tentou estabelecer um posto de comércio em Pernambuco. Com o navio A Peregrina, pertencente ao nobre francês, o capitão Jean Duperet tomou a Feitoria de Igarassu e a fortificou com vários canhões, deixando-a sob o comando de um certo senhor de La Motte. Meses depois, na costa da Andaluzia na Espanha, os portugueses capturaram a embarcação francesa, que estava atulhada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil peles de onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de algodão, além de óleos medicinais, pimenta, sementes de algodão e amostras minerais. E no exato instante em que A Peregrina era apreendida no mar Mediterrâneo, o capitão português Pero Lopes de Sousa combatia os franceses em Pernambuco. Retomada a feitoria, os soldados franceses foram presos e La Motte foi enforcado. Após ser informado da missão que A Peregrina realizara em Pernambuco, Dom João III decidiu começar a colonização do Brasil, dividindo o seu território em capitanias hereditárias.[10]